quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Sabatina na Folha com Gilberto Dimenstein

Informação com Informalidade. Jornalismo x Educação.

Assim foi a Sabatina realizada no Teatro Folha, shopping Pátio Higienópolis, São Paulo com o jornalista Gilberto Dimenstein, idealizador da ONG Cidade Escola Aprendiz, colunista do jornal A Folha de São Paulo, autor dos livros "Meninas da Noite" e "O Mistério das Bolas de Gude", entre outros. É também um dos criadores da Andi (Agência de Notícias dos Direitos da Infância) e do site http://www.catracalivre.com.br/.

Durante duas horas, Dimenstein responde a perguntas feitas por Rogério Gentile - editor de Cotidiano, Hélio Schwartsman - articulista da Folha, Marcos Augusto Gonçalves - editorialista da Folha e Gustavo Ioschpe - economista e articulista da revista 'Veja' e ainda perguntas da plateia. "É claro que a gente sabe que existem carências enormes no país. Dificuldades, qualquer pessoa que entre numa escola pública, hospital, sabe disso. Mas digo, com tranquilidade, que nos últimos anos nunca vi o Brasil tão bem", disse, logo de cara.
Questionado sobre os governos Fernando Henrique (PSDB) e Lula (PT), Dimenstein disse que ambos são, em sua opinião, bem parecidos e que ocorreram "avanços enormes" para o país. Ele criticou as obras de ampliação da marginal Tietê em São Paulo e defendeu a implantação de pedágios urbanos na cidade. Para ele, o gasto nas obras da marginal terão sido inúteis daqui a poucos anos "quando a frota de carros estiver ainda maior do que hoje - são cerca de seis milhões de carros; vai chegar um ponto que a gente não vai conseguir andar mais na rua", disse.

O jornalista declara que apesar de todos os problemas, considera São Paulo a cidade mais interessante do Brasil (e olha que ele já morou em Nova York). Para ele, o poder público nunca esteve à altura da cidade, que sofre, da "síndrome do rio Tietê", ou seja, é como se fosse um local em que ninguém permanece. "Se eu fosse arquiteto, pegaria São Paulo como exemplo do que não fazer. Aqui, cemitério virou vista", disse, sobre a urbanização caótica da cidade. "Porém, o que torna São Paulo tão interessante é que existe uma coordenação rara entre sonhar e fazer, pois a todo momento as pessoas estão desenvolvendo e realizando projetos. O grande projeto de São Paulo é saber aproveitar melhor seus talentos, ser uma cidade educadora".

Dimenstein disse ser favorável à descriminalização da maconha, por considerar "um absurdo achar que o usuário é um criminoso". Ele lamenta que a questão das drogas passou despercebida junto com o "tsunami" de assuntos no texto do terceiro Programa Nacional dos Direitos Humanos que ele acredita que o presidente Lula de fato não leu; porém, alerta para o perigo dessa droga numa sociedade que prega o prazer e o entretenimento voraz e imediato, "É preciso desglamourizar a maconha, falar claramente que a droga dá prazer e por isso e ela é tão perigosa."

"Além da má formação, os cursos de licenciatura são uma tragédia. Quem é que quer entrar num ambiente com violência e que não é reconhecido?", disse ele sobre a situação de professores de escolas públicas. "Os professores deveriam ser mais preparados e atentos à geração a que ensinam", afirma. Disse ainda que "Os docentes, atualmente, estão muito distantes dos alunos do ponto de vista da tecnologia (internet, redes sociais, celulares etc.)", mas, ao mesmo tempo, critica a visão de alguns educadores que acreditam que a tecnologia, sozinha, pode melhorar a educação. Para ele, se houvesse apenas duas disciplinas a serem ensinadas na escola, deveriam ser artes e filosofia.

Segundo o jornalista, a atual geração está acostumada com a velocidade da informação, mas não com a profundidade, o que os prejudica no mercado de trabalho. Ele criticou os pais que colocam os filhos na escola já pensando no mercado, porque isso tira da criança a brincadeira. A boa escola, para ele "é aquela que desperta a curiosidade e desenvolve a capacidade de resolver problemas. Você não pode formar uma pessoa pensando no futuro. Você forma pensando no presente."

E para finalizar, Gilberto afirmou que os cursos à Distância devem ser fiscalizados , pois, se for mantido o ritmo atual, em dois anos as classes C, D e E serão maioria no ensino superior. Mencionou ainda que o ensino à distância é motivo de preconceito no país, acha que o método não funciona para adolescentes, mas os jovens que estudam à distância tem notas melhores do que os alunos da escola tradicional, porque geralmente são mais motivados e interessados. "O ensino à distância é uma forma de democratizar o ensino e talvez seja o futuro da escola", conclui.
Nem preciso mencionar que a Sabatina foi excelente e praticamente todos os convidados ficariam por ali por muito mais tempo...

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