Por Edelba Carvalho
Hoje no finalzinho da manhã,
já bem próximo do meio dia, saindo de
uma agência bancária, me chamou a atenção a figura de menino, parado bem ao lado da porta.
Estava em pé, estático, com
a mão esquerda apoiada no parapeito de
um alambrado de segurança que separa a saída principal da saída para a garagem.
Engraçado que ele estava de costas para mim,
mas caminhando, ao ver a sua figura, foi
como se um ímã atraísse o meu olhar,
pois quando passei por ele, fui compelida a olhar do lado e observar a sua pessoa.
Era um garoto magro, de
feições singelas, olhos grandes, moreno claro, de cabelos pretos e dentes
grandes, largos e bem brancos.
Trajava moletom vermelho
apagado pelo uso, com mangas não tão longas como deveriam estar, e calça
escura, meio tipo pula-brejo, daquelas que se passa do irmão mais velho para o
mais novo, sapatos surrados pelo uso. Porém, as roupas bem limpas e passadas e sapatos em ordem.
Estava ali inerte, quem sabe
esperando a mãe que fora lá raspar o restinho de uma poupança para uma
necessidade urgente?
Ou quem sabe, esperasse pelo
pai que lá dentro tentava um empréstimo para um fim determinado?
Quem sabe?
Mas o que realmente me prendeu
a atenção não foi o seu vestir e muito menos o seu calçar, nem ao mesmo o fato
dele estar ali, mas sim o seu olhar.
Ele tinha um olhar absorto, totalmente
embevecido!
Olhava fixo para um ponto
perdido no nada.
Quase quis acompanhar o seu
olhar, para tentar descobrir o que tanto
lhe deslumbrava.
Era
um olhar atento, esperançoso, desejoso, sonhador, daqueles que faz a boca se
abrir e congelar em forma de um quase sino!
Um olhar encantado, daqueles
que a gente fica, com os olhos distantes...
Um olhar enlevado, daqueles
que a gente fica, quando sonha acordado...
Um olhar extasiado, daqueles
que a gente fica, quando algo chama a nossa atenção, e nos convida a viajar...
Ao longo da vida,
infelizmente muitas vezes perdemos esse olhar.
O menino e o seu olhar!
Um olhar embevecido!
Nenhum comentário:
Postar um comentário